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ENSAIO SOBRE A OBEDIÊNCIA


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Obediência vem do latim "oboedire", significa escutar com atenção e designa o comportamento daquela pessoa que obedece, de quem é dócil, submisso. Para quem voluntariamente escolhe obedecer, antes a obediência ao castigo, afinal a submissão é mais doce do que a solidão. Nas relações originadas a partir do BDSM a obediência voluntária do bottom ao Top é o marco inicial a ser considerado, entretanto, antes de iniciada a relação não se cabe falar em obediência, só podemos falar em respeito, que é devido a qualquer pessoa e em qualquer situação.

 

Obedece-se a quem se está submetido. Sem submissão não há dever de subserviência por parte do bottom, nem tampouco obrigação de proteção e zelo por parte do Top. Entretanto há quem extrapole nas prerrogativas do exercício do domínio e exija obediência e até aplique punições durante o período em que se avalia o potencial do bottom, o conhecido período de avaliação, também chamado por alguns de período de consideração (derivado do termo inglês "under consideration"), mais popularmente conhecido no Brasil por período de negociação.

 

O termo negociação é derivado de uma época em que contratos de submissão e cerimônias de encoleiramento eram mais populares, em meados do final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Nessa época havia uma corrente de pensamento no meio BDSM  que considerava ser  necessário dar uma maior validade às relações BDSM. Buscava-se no direito contratual fundamentos utilizáveis na elaboração de contratos de servidão ou escravidão, celebrados entre Tops e bottoms. Daí adveio a designação de período de negociação, equivalente à fase da conquista em relacionamentos baunilha, que antecede a relação D/s na qual Top e bottom procuram se conhecer melhor, buscando afinidades para os unir e divergências que os afastem.

 

O diálogo é a característica marcante da negociação e pode ser representada como uma via de mão dupla na qual falamos e ouvimos. Por vezes mais ouvimos, outras vezes nos é exigido falar mais, mas o certo é: em um diálogo nunca devemos ser a única pessoa a falar, pois monólogos, na maioria dos casos, além de enfadonhos, não proporcionam o necessário conhecimento mútuo para uma relação BDSMer. A reciprocidade proporcionada pelo diálogo antes do início de qualquer relacionamento, seja ele baunilha ou não, é o que proporciona e aproxima as pessoas na fase da conquista e dá origem ao respeito.

 

Cada relacionamento tem suas peculiaridades, assim como cada pessoa possui as suas próprias, mas todos devem obedecer às regras que norteiam a existência de uma relação BDSMer. Tais regras não foram escritas nem ditadas por uma autoridade, elas são apenas deduzidas, ou mesmo são normas de etiqueta. Uma de tais regras é basilar para as relações BDSMers: o bottom deve obediência ao Top a partir do momento em que se está a ele submetido voluntariamente. O Top exigir obediência antes de ter sob seu domínio o bottom é um erro apenas superado se ele decidir castigar o bottom por alguma eventual "desobediência". Seria como uma mãe  castigar um filho de outra pessoa alegando possuir autoridade materna sobre a criança.

 

Em essência uma relação BDSMer deve ser vista como um acordo voluntário, não a imposição unilateral da vontade do Top sobre o bottom, o que desnatura o BDSM em sua origem, muito embora seja possível falar em imposição unilateral após iniciada a relação BDSMer, como no caso em que o formato da relação é o TPE, Total Power Exchange (troca total de poder) o que significa submissão completa em vários aspectos da vida pessoal e não apenas durante as sessões após o início da relação.

 

A obediência, que autoriza o castigo na ocorrência da desobediência, só é devida após o início da relação BDSMer. No período de negociação o que deve haver entre bottom e Top é respeito e diálogo, como manda a boa etiqueta. Exigir obediência  no período anterior à relação e infligir punições por ser desobedecido quebra os laços do Respeito. Sem respeito não há diálogo, sem diálogo não há relação, sem relação não há BDSM, mas sim poder sem responsabilidade.

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Interessante sua abordagem para acentuar os excessos cometidos por alguns adeptos que se abriram a verdades de estúpidos de períodos iniciais, que como todo inicialismo auto didático foi cheio de erros acertos .
Achei interessante se apegar ao latim para obediência, contudo ao inglês para o tempo de "consideração" atribuindo seu uso na língua inglesa sem contudo ao termo consideração dar seu sentido etimológico preciso e adentrar no detalhe de qual o elo ou motivo para dar como sinônimo o uso de negociar com considerar .

Penso em negociação pós munch, uma conversa em um ambiente neutro e um encontro social sem roupas ou objetos, tendo afinidade e validação de pontos possivelmente abordados em outros tempos por cartas , hoje por internet aos que não tem um point fetichista específico em sua região.
É nesses possíveis encontros de conversa , ambos exponham e vejam possíveis afinidades e se existe o interesse para uma sessão avulsa, nessa etapa onde o negociar parece ser um avaliar potencial ou chamado de consideração parece mais um encontro no escuro com desconhecidos já indo para play , com um espertinho dizendo como saberá se gosta ou é limite se nunca experimentou empurrando alguém a se expor a suas vontades .

Espero não se incomodar de comentar , achei interessante o texto .
Não uso essas definições como consideração/adestramento/treinamento ou outros estágios sem muita lógica, e prefiro o termo negociar mesmo .
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2 hours ago, sadegyn said:
Interessante sua abordagem para acentuar os excessos cometidos por alguns adeptos que se abriram a verdades de estúpidos de períodos iniciais, que como todo inicialismo auto didático foi cheio de erros acertos .
Achei interessante se apegar ao latim para obediência, contudo ao inglês para o tempo de "consideração" atribuindo seu uso na língua inglesa sem contudo ao termo consideração dar seu sentido etimológico preciso e adentrar no detalhe de qual o elo ou motivo para dar como sinônimo o uso de negociar com considerar .

Penso em negociação pós munch, uma conversa em um ambiente neutro e um encontro social sem roupas ou objetos, tendo afinidade e validação de pontos possivelmente abordados em outros tempos por cartas , hoje por internet aos que não tem um point fetichista específico em sua região.
É nesses possíveis encontros de conversa , ambos exponham e vejam possíveis afinidades e se existe o interesse para uma sessão avulsa, nessa etapa onde o negociar parece ser um avaliar potencial ou chamado de consideração parece mais um encontro no escuro com desconhecidos já indo para play , com um espertinho dizendo como saberá se gosta ou é limite se nunca experimentou empurrando alguém a se expor a suas vontades .

Espero não se incomodar de comentar , achei interessante o texto .
Não uso essas definições como consideração/adestramento/treinamento ou outros estágios sem muita lógica, e prefiro o termo negociar mesmo .

Grata pelas considerações. Serão incorporadas a posteriori, especialmente o aspecto etimológico, omitido no original.

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Prazeroso ler o ensaio e as considerações!!!
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