of**** Posted August 1 Posted August 1 O estudo "Bondage-Discipline, Dominance-Submission and Sadomasochism (BDSM) From an Integrative Biopsychosocial Perspective: A Systematic Review" nos traz uma visão fascinante e abrangente sobre o BDSM, explorando diversos aspectos que vão além das simples práticas sexuais. Primeiramente, é interessante notar como o estudo se propõe a unir a literatura científica existente sobre BDSM de uma perspectiva biopsicossocial. Isso significa que os pesquisadores consideraram não apenas os fatores psicológicos e sociais, mas também os biológicos que influenciam as práticas BDSM. Eles observaram que elementos como identidade de gênero, níveis hormonais e a constituição neurológica dos sistemas de dor e recompensa do cérebro têm um papel importante na orientação BDSM. Isso ajuda a entender que a atração por essas práticas não é simplesmente uma questão de preferência pessoal, mas pode estar profundamente enraizada em aspectos biológicos. Em termos psicológicos, o estudo identificou que certos traços de personalidade, como maior abertura e extroversão, assim como a presença de algum transtorno de personalidade, podem estar associados a um interesse maior pelo BDSM. Além disso, níveis elevados de busca por sensações e impulsividade também parecem guiar o desejo de explorar novos ou mais intensos fetiches. E não podemos esquecer dos estilos de apego, que influenciam as dinâmicas do casal e a disposição para explorar limites no contexto BDSM. Isso nos mostra como as práticas BDSM podem ser uma expressão complexa de nossa personalidade e experiências de vida. Do ponto de vista social, o estudo revelou que a educação desempenha um papel significativo. Um maior percentual de praticantes de BDSM possui diploma universitário, o que sugere que essas práticas podem oferecer uma forma de liberar as responsabilidades e encontrar uma sensação de liberdade pessoal. Além disso, experiências traumáticas na infância, especialmente aquelas de natureza sexual, podem contribuir para uma inclinação maior para o BDSM na vida adulta. Isso não significa que todas as pessoas com essas experiências se envolverão com BDSM, mas indica uma possível correlação. Outro ponto interessante é a variação nas taxas de prevalência do interesse por BDSM. Dependendo de como a pesquisa foi conduzida, entre 8% e 70% da população pode ter algum interesse por essas práticas. Isso mostra uma diversidade enorme na forma como as pessoas se relacionam com o BDSM, desde fantasias não realizadas até uma integração completa dessas práticas em suas vidas diárias. Infelizmente, o estudo também destaca o estigma significativo que ainda cerca o BDSM. Muitas pessoas relutam em revelar seus interesses devido ao medo de julgamento ou discriminação. Esse estigma pode até mesmo levar a taxas mais altas de ideação suicida entre os praticantes de BDSM, sublinhando a importância de uma maior aceitação e compreensão dessas práticas. Além disso, há uma discussão interessante sobre a psicopatologia associada ao BDSM. Apesar das críticas à inclusão do sadismo e masoquismo sexual no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), é crucial diferenciar práticas consensuais e seguras de formas patológicas e não consensuais. Isso é importante para não patologizar desnecessariamente interesses sexuais que são vividos de forma consensual e saudável por muitas pessoas. Outro dado curioso é como a idade e o gênero influenciam as práticas e preferências dentro do BDSM. Dominância está associada a uma idade mais avançada, enquanto os praticantes mais jovens tendem a se interessar mais pela submissão. E, claro, há uma distribuição de gênero onde mais mulheres se identificam como submissas, o que reflete em parte normas sociais e culturais. O estudo também nos alerta para a necessidade de pesquisas futuras focarem nos mecanismos subjacentes que impulsionam a prática e os relacionamentos BDSM, explorando fatores psicológicos, estilo parental, comunicação e diferenças internacionais nas práticas. Há um vasto campo a ser explorado que pode nos ajudar a entender melhor essa faceta tão rica da sexualidade humana. Em resumo, este estudo nos convida a olhar para o BDSM de uma maneira mais ampla e integrada, reconhecendo a complexidade e a diversidade dessas práticas, e promovendo uma maior aceitação e compreensão. É um passo importante para desmistificar o BDSM e reconhecer sua legitimidade como uma expressão saudável da sexualidade humana.
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